
domingo, 28 de fevereiro de 2010
O MAR QUE A GENTE FAZ

sábado, 20 de fevereiro de 2010
As coisas pequenas
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terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
Concertos de Leitura
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
os olhos - poema premiado em São Paulo
os olhos
se um gesto me definisse seria o de te afastar o cabelo para te ver melhor o rosto que me enche de bravura
e só te vejo pelos meus olhos por serem os que te vêem mais bela
tenho os olhos feitos à medida da tua cara
e só tenho olhos para ti
quando não estás sou invisível e quase invisual
a visão não me serve de nada
vejo mas sem cor e é pior que a preto e branco
é desfocado
é esbatido
e sem chama
e sem cheiro
contigo cheira bem
sabe bem
ouve bem o que digo porque é sincero porque se não fosse todo eu era falso
mas com os teus braços finos a fazer as vezes da corda que me serpenteia o pescoço para me matar de felicidade
e só te quero a ti
e só te vejo a ti como a última noite do Verão mais quente
com o céu mais estrelado
com a lua mais cúmplice
com os gestos mais carinhosos
e tiro-te o cabelo da frente com a ajuda da minha mão direita que só existe para isso
hesito porque os meus olhos pediram-me que os deixasse olhar para ti mais uma vez
e eu deixo para eles não chorarem muito
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
imaginário poético - revista eletrónica de artes, música, literatura e filosofia
A coluna Poetas na Rede tem o prazer de apresentar mais um jovem poeta português: João Negreiros. Unindo poesia e teatro, João interpreta suas próprias poesias e disponibiliza os vídeos em seu blog. De uma força constrangedora, sua poesia encenada tem o poder de nos silenciar e nos transportar para um espaço de reflexão peculiar: o chão. O poeta, literalmente, convida-nos a ouvir as vozes que o chão nos diz e daí, somente a partir daí, a fazer de conta, a fazer poesia. Em questão de minutos, ele que fala do chão debaixo do chão, o inferno, transporta-nos também ao céu, absolutamente sem metafísica, absolutamente ciente de que é a presença de alguém querido o princípio de distinção, o a priori que determina estas categorias. Poesia da gravidade que nos deita no cotidiano, do destino das coisas pequenas que nos atravessam o caminho. Poesia absolutamente contemporânea, não apenas pela linguagem, ou pelo medium de que faz uso, mas porque versa sobre os mínimos e privados delitos e deleites do aqui e agora.
Foi neste estado de encantamento que entrei em contato com João que, por sua vez, respondeu-me não apenas com extrema simpatia, revelando que já conhecia e apreciava nosso Imaginário, mas também com generosidade, disponibilizando todos os seus vídeos para publicação em nossa Revista. Dentre estes, escolhi e publico três para forrarmos com ele nosso chão e deitarmos em boa poesia. (Mas, João, não hesito em afirmar que ontem estive no inferno é meu preferido!)
dana paulinelli
ler mais em http://www.imaginariopoetico.com.br/2010/02/poetas-na-rede-joao-negreiros.html
sábado, 6 de fevereiro de 2010
grandes poemas para viagens pequenas

o nadador
foi visto um burocrata morto por não saber nadar
a boiar de bruços com a cabeça enterrada na água
a exercitar as guelras do ar podre que lhe construiu as palavras sinceras com
[que enganou quem conheceu ao longe da janela do avião
e de longe acenou a todos os que conhecia levando na mão a mala
[que tinha as esperanças que todos tinham em si
bóia um ladrão morto e o estilo é pouco ortodoxo
não mexe braços nem pernas
não respira nem ergue a cabeça
não faz rotações de tronco
não se mexe nem um milímetro
foi já ultrapassado por todos os concorrentes
e a água vai ficando escura da tinta que vai na mala onde se escreveram
[os nomes dos que lhe confiaram as vidas
na pista sete bóia um burocrata rico que fugiu com a esperança
e ninguém se atreve a resgatá-lo
é que dá medo de olhar
dá medo de saber a expressão que levava quando percebeu que não ia ganhar
todos os nadadores já saíram da água
todos os nadadores já secaram o cabelo
todos os nadadores já receberam as medalhas
todos os nadadores já vestiram os fatinhos-de-treino
todos os nadadores já choraram a bandeira
e um chorou ranho também com o hino
ele continua lá
a piscina vai fechar
as luzes apagaram-se
e o da pista sete não tem direito a medalha
nem pode ir às olimpíadas porque já ninguém confia nele
nem sequer para conseguir os mínimos
a pista sete está a transbordar com as palavras que lhe disseram os amigos
[que ele iludiu para depois desiludir
e foi o dono de um molhe delas
um dos donos dos molhos de palavras que lhe fez a folha
que lhe levou o ar emprestado para compensar o papel
foi um deles que lhe deu as mais exigentes aulas de natação
aquelas em que é impossível levantar a cabeça e em que temos que nadar
[sempre submersos até bater com a cabeça desesperada na parede que sabe a [cloro
o burocrata bóia morto e quem o fez perder a prova foi um nome na pasta
há um nome a vermelho na pasta que está a esbater-se no mesmíssimo
[momento da culpa
o melhor amigo matou-o
o que lhe fez mais festas
o que lhe gabou mais as notas dos filhos
o que mais lhe respeitou a esposa
o que mais brindes lhe fez em delicados reveillons
o melhor amigo matou-o
o melhor amigo matou-o
foi o único que não aguentou perdê-lo
percebê-lo
conhecê-lo
era o único que não sabia
era o único que estava quase a meter os papéis para se promover a irmão
o melhor amigo matou-o porque a maior tristeza só nos pode ser dada por
[quem amamos mais e mais e mais neste infinito que termina [desafiando a lógica que nos disseram os livros e os filmes de domingo à tarde [que vemos amparando meninos
o burocrata bóia morto e está na boca do mundo defunto porque levou para
[longe numa pasta as boas acções que se trocam agora por brinquedos [que só dão aos filhos dos pobres
o burocrata bóia morto e afoga o melhor dos amigos
in a verdade dói e pode estar errada, de João Negreiros
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
O Teatro Universitário do Minho apresenta O JORNALISTA DA VOSSA BELEZA
- 6,12,23,24 de Fevereiro e 2, 3 de Março de 2010 às 21h30 no Auditório de Bolso do TUM (junto à Sé de Braga);
- Fnac Gaia Shopping: 19 de Fevereiro, às 21h30;
- Fnac Santa Catarina, 20 de Fevereiro, às 17h00;
- Fnac Braga Parque, 25 de Fevereiro, às 21h30;
- Fnac Coimbra, dia 27 de Fevereiro, às 21h30.
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
Concertos de Leitura
No passado dia 28 de Fevereiro, João Negreiros actuou na Escola E.B. 2,3 de Ribeirão. Em cima, na fotografia, está um dos muitos alunos que clamou "só mais um" no final do espectáculo. A partir daí o Concerto de Leitura passou a ser uma espécie de "Poemas Pedidos", com os alunos a pedir para o poeta dizer os preferidos de cada um.