quinta-feira, 21 de abril de 2016

Amo-te por fim e isto é só o início


"Amo-te por fim e isto é só o início"

Ontem abracei a minha mãe enquanto ela remexia o estrugido para não queimar a cebola e ela disse:
- Deixa-me, filha que agora estou a fazer o jantar.
E eu disse:
- Não tenho fome.
E ela disse:
- Olha que queima.
E eu disse:
- Gosto do cheiro a cebola queimada nos teus braços. Amo-te de cebolada, mãe.
Ontem abracei a minha filha e ela disse que a deixasse em paz.
Deixei-a em paz e esperei em paz por um segundo melhor em que ela quisesse mais e precisasse mais de outro abraço.
Olhei com atenção e o segundo chegou rápido. Abracei-a então com mais carinho ainda e com um abraço que escolhi à medida do corpo que ela trazia na altura.
Eu gosto de dar o que os outros pedem, e querem, e precisam, e sentem, e merecem.
Para a minha filha, para a minha mãe dou o que sinto como sentiria se fosse este o último segundo de a ver.
Se estivesse a ver a minha pela última vez, se estivesse a ver a minha pela última vez dizia:
Gosto de ti para sempre porque um segundo é coisa pouca.
Mas sei que esta não é a última e isso é bom.
Esta vez não é a última mas é como se fosse porque na última posso não ter oportunidade.
Vou amar-te quando não estiveres mas amar-te-ei mais quando estiveres comigo.
Porque não sei como será o fim e porque não quero saber, a partir deste dia, direi o amor a quem amo como faço a mim própria quando gosto muito de mim.
Gostar de quem está perto e é bom para mim é a segunda melhor maneira de ser bom para mim.
A primeira é gostar de mim como um beijo no espelho.
Nunca digo à minha mãe que a amo porque sei que ela sabe, mas como sei que ela gosta de ouvir digo à mesma como se não soubesse.
Nunca digo à minha filha que a amo porque sei que ela sabe, mas como sei que ela gosta de ouvir digo à mesma como se não soubesse.
O amor só se sabe quando se tem a certeza e para se ter a certeza é preciso dizê-lo e repeti-lo muitas vezes até se saber de cor.
O amor só sabe bem quando se sabe de cor.
Decorei isto para ti, mãe… espero que gostes.
Decorei isto para ti, filha… espero que gostes.

Texto do livro "O Manual da Felicidade" de João Negreiros

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Enorme adesão ao workshop "Experimenta Ser Bom Aluno"

Enorme adesão ao workshop "Experimenta Ser Bom Aluno". Infelizmente ficou muita gente de fora. A esses peço desculpa, mas já não havia espaço. Quanto aos outros tenho que agradecer pela atenção que deram às minhas palavras e ideias. Muito obrigado e muito sucesso para todos. Em Braga não faltam excelentes alunos!





















http://www.omanualdafelicidade.com/#!Sucesso-com-Workshop-Experimenta-Ser-Bom-Aluno/g6ej8/5713ee4b0cf253d6b397a744

domingo, 10 de abril de 2016

ao vivo - "Acabamentos" de João Negreiros

Sexo, violência, explosões, atentados... não! É melhor não... Comecemos de novo... Queridos amigos, eis um poema inédito que fará parte do meu novo livro. Neste vídeo podem ouvi-lo dito por mim e acompanhado a guitarra por Edgar Ferreira. Espero que gostem! Da próxima juro que faço uma coisa com mais sangue... ou talvez não... eu sou como aqueles putos que não gostam de cabidela e que pedem à mamã para fazer para eles à parte... sem sangue... para mim é sem sangue. Abraço e sejam felizes. Para desgraças já temos que chegue. Ouçam e leiam... faz muito bem.



"Acabamentos"

Acreditar que o que o outro nos dá é bom é tão bom como acreditar que existe ainda alguma coisa para nós.
Acreditarmos que existe algo para nós é acreditar que há ainda espaço para evolução.
Acreditar que há espaço para evolução é acreditar que isto ainda não acabou.
Acreditar que isto ainda não acabou é bom porque só assim posso ser algo… e algo é melhor do que nada porque algo é tudo.
Prefiro correr o risco de morrer com comida envenenada do que morrer de fome olhando para ela.
Corro o risco como se o outro fosse o bom e o bom que acho do outro fá-lo melhor exactamente como manda a imaginação.
Confio em ti. Confio em ti.
Sou interesseira, quero o que tem para mim.
Sou materialista relativamente ao que é imaterial. Sou apegada ao que se pega com braços… e abraços… e mãos e outras coisas de agarrar: confio em ti. Confio em ti como faz a vida quando nasce. Por isso amam os homens as suas crianças… as crianças confiam… confiam porque não têm outro remédio e lá está… é remédio santo.
E só acredito que o que tens para mim me falta porque sei que ainda não estou acabada.

João Negreiros