segunda-feira, 31 de agosto de 2009

INSPIRAÇÃO É RESPIRAR - digressão nacional


“(…) com gente que anuncia talento como esta, somos todos cúmplices. Ou então já estamos mortos.” Miguel Carvalho, jornalista da Visão


A poesia de João Negreiros na voz do elenco do Teatro Universitário do Minho

Espectáculo e percurso antológico da poesia de João Negreiros que tem como objectivo traçar uma rota que vai desde as suas tendências Neo-Surrealistas até à lírica mais conceptual e sonora.
A interpretação das dizedoras visa ser oral, naturalista e inovadora, tornando a literatura mais óbvia, mais universal e mais acessível.
É um espectáculo de emoções extremas e dos sentimentos mais íntimos e guarda os momentos mais carinhosos que só se partilham com os amantes, os amigos e o público.
Vítor Arezes

Próximos espectáculos:

  • Vila Real, Casa de Pasto Chaxoila, 4 de Setembro às 21h30
  • Porto, Clube Literário do Porto, 6 de Setembro às 21h30
  • Braga, Livraria Centésima Página, 8 de Setembro às 21h30
  • Braga, FNAC do Bragaparque, 10 de Setembro às 21h30
  • Coimbra, FNAC Fórum, 12 de Setembro às 17h00
  • Porto, FNAC Norteshopping, 16 de Setembro às 21h30
  • Vila Real, Associação Espontânea, 19 de Setembro às 21h30
  • Lisboa, FNAC Chiado, 20 de Setembro às 17h00
  • Lisboa, Fábrica Braço de Prata, 20 de Setembro às 21h30
  • Guimarães, Livraria do Centro Cultural São Mamede, 21 de Setembro às 21h30
  • Porto, FNAC Santa Catarina, 22 de Setembro às 18h30

Teatro Universitário do Minho

E-mail: teatrum@gmail.com
Sítio oficial: http://www.blogdotum.blogspot.com/
Telemóvel: 965530263

domingo, 2 de agosto de 2009

canção ao emigrante


a sombra para além dos dias é a lembrança de ontem e o poder não haver amanhã

levo numa mala coisas simples para voltar e sei exactamente a quem pertencem

levo-as numa de devolver e guardo-as com a mão dos dedos todos para que não esqueça porque vou

sei ainda de cor os passos para casa e só penso no inverso quando me arremesso à frente

tenho de passar daqui para lá sem ir desta para melhor

há partes de mim feitas à mão que não passam na alfândega e maravilhas escondidas que vou ter que declarar

vou para longe para ser visto de relance pelos olhos frios da certeza da parada das tropas

sou o viajante
o camionista
o forasteiro
o astronauta
o emigrante
o país
o sem-abrigo
o que vai agora aprender a falar
o que vai agora aprender a comer
o que vai para a sombra ver melhor
o que não sabe ao que vai
sei o regresso e fujo ao passado entre os dedos juntos

oxalá não se esqueçam de mim
o neto da nau catrineta
o bisneto do Deus nos livre
o marujo à cabra cega

fiz a mala mais pequena que havia com o couro das costas
e tenho dores nelas quando vos aperto nas mãos

fui fazer um país novo e encontrei o que já lá estava
dei um adeus a ver se voltava porque não sabia até já na outra língua
e por isso fiquei mais tempo

espero voltar
espero um dia
espero que baixe à terra um bilhete de avião
espero por ver maior a foto tipo passe-vite que me amarrotou o transparente da carteira

espero por um dia mais novo          comigo mais velho a falar mau português com o carinho todo que tiver

João Negreiros