quarta-feira, 29 de junho de 2011

Campanha da Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla

A SIC (na voz de Catarina Folhadela) fez uma reportagem com João Negreiros e com Luísa Matias a propósito da campanha de apoio à Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla. Veja a reportagem aqui.




Participem nesta campanha de sensibilização digital muito original de apoio à SPEM, desenvolvida com o apoio da Biogen Idec. O poema "A dor mente" foi escrito por João Negreiros, a música original é de Rodrigo Leão e os actores fazem todos parte do grupo dos Amigos da Esclerose Múltipla em Aveiro.
A mecânica é muito simples: até 4 de Julho, no facebook da SPEM por cada “gosto/like” ao vídeo, a SPEM irá receber o donativo de 2 €! Façam um click e divulguem. Veja o vídeo em http://www.facebook.com/SPEM.Portugal

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Entrevista na RTP2

Entrevista de João Negreiros sobre o livro "a verdade dói e pode estar errada": Um livro porque sim


Veja a entrevista aqui: http://www.e2.ipl.pt/e2online/programa224.php#4

quarta-feira, 15 de junho de 2011

sabedoria para pular, de João Negreiros




sabedoria para pular

diz-se que a Oriente se come arroz

e que os pretos têm ritmo

e os judeus são bons com dinheiro

e as mulheres é na cozinha

e os homens de pantufas

às crianças torce-se-lhes o pepino para comerem os legumes todos

e o cão é o melhor amigo          menos do gato          que é um interesseiro          que vê bem de noite

e os homossexuais usam cabedal e vão ao ginásio

e os motoqueiros também mas não vão ao ginásio          fazem pesos em casa

e os novos ricos são iguais aos ricos tirando o sotaque e as roupas coloridas

e os brasileiros vestem de branco e usam chapéu          menos os brasileiros que são pretos e cheiram cola nas esquinas

e temos que ser uns para os outros          mas primeiro para nós e para os nossos

e os nossos são aqueles que escolhermos ou aqueles que escolheram por nossos

e os carros japoneses são muito bons porque os japoneses sabem artes marciais

e se o carro não fica bom eles desatam ao pontapé e o carro tem tanto medo que fica bom        

e tem tanto medo que até ganha as corridas que passam na TV que também é feita pelos japoneses ao pontapé para depois levar uns biqueiros de um europeu que não sabe artes marciais e por isso destrói a TV

e os chineses são diferentes          são iguais aos japoneses mas diferentes          mais tristes por não terem máquinas fotográficas

e os turistas nunca sabem o caminho

e os da terra sabem sempre para onde vão

e os cavalos são elegantes menos quando cagam

e as pulgas são irritantes mesmo quando são na areia

e assim é bem mais fácil          porque a verdade está na voz das crianças          e por isso as crianças bem comportadas calam-se

e os ratos trazem as doenças          mesmo os que não trazem

e Deus é igual a um homem          tirando o carácter divino ou a falta de carácter divino

e os tímidos são dóceis

e os nobres têm sangue azul          sempre que não sangram

e as mulheres demoram muito tempo a arranjar-se          mesmo quando não se arranjam          porque as que há são feias          e as bonitas são más          só porque podem

e a nossa cabeça funciona assim          como as casas do jogo da glória que diz para avançarmos cinco casas sem ter que lançar os dados porque os dados estão sempre errados

e temos que ouvir os mais velhos          mesmo que sejam mudos
e a experiência de vida define-se pelo número de imbecilidades que dizemos e do ar caquéctico que apresentamos

e os bebés querem-se gordos

e as mulheres querem-se magras          por isso as mulheres para fazerem um verdadeiro e extraordinário percurso devem passar os anos de formação a fazer dieta para passar com graciosidade do recém-nascido com obesidade mórbida até à adolescente anoréctica

e os homens querem-se com cara de homem e a cheirar a cavalo          mas como os cavalos são elegantes melhor não          é melhor que o homem cheire a cavalo só quando o cavalo está a cagar

e os artistas são loucos         

e os loucos são artistas          mas às vezes trocam

e quem faz colecção de selos usa óculos e tem mais de sessenta anos          se tiver menos e vir muito bem põe farinha na cabeça e usa armações sem lentes

e os veteranos de guerra têm cicatrizes que fizeram com o canivete do pai só para dizer que estiveram na guerra

e os amigos são para as ocasiões          porque é nas ocasiões que vemos os amigos

e é nos maus momentos que sabemos dar o valor e por isso partilhamos os bons momentos com a escumalha

e é isto

a pêra é fina

o bigode é parolo

a barba é revolucionária

e o bigode grande e muito bem tratado é monárquico

e a caneta de tinta permanente permanece no escritório e nunca vai para a cozinha apontar as receitas

e a cozinheira é gorda e está sempre a prová-lo

os costureiros são gays mesmo os que não são

e os cães pequenos ladram muito          e os grandes mordem

e cão que ladra não morde          ou seja          o cão do ditado era pequeno

e é assim

ninguém tem mesmo que pensar          é só teleportar o pensamento para um atalho que nos leva a outro atalho que se esbate no primeiro e derrapa no terceiro e no fim resta-nos a interpretação pessoal          da ignorância da mediocridade          do preconceito          da ausência de sentido crítico          dos buracos negros do carácter

e todos somos imbecis porque a sabedoria popular o diz

e passa-se de gerações para gerações

e quando damos fé a nossa já passou

e a deles também e a dos outros está quase

e a vida são dois dias

e temos que ser uns para os outros

e cada um é como cada qual

e somos todos diferentes          mas não parece

Poema do livro "luto lento", de João Negreiros, à venda em livrarias e em https://www.buknet.pt/?op=pesquisa&pesquisa=jo%E3o+negreiros&t=2

terça-feira, 7 de junho de 2011

a dor mente

‎"A dor mente" poema de João Negreiros; Música de Rodrigo Leão.


A Anabela Areias, Elisa Antunes, Catarina Borges, Carlos Campos, Carlos Heleno e Luisa Sacchetti a minha eterna amizade. Foi lindo conhecer-vos. Agradeço também ao amigo Rodrigo Leão a amabilidade de aceder ao meu pedido em compor uma música propositadamente para o poema. Apoiem esta causa, partilhem o vídeo.http://youtu.be/ldNbes

a dor mente
a minha dormência anda acordada          de dia e de noite
tem dias em que nem o chão me sente
tem pernas em que nem sinto as horas
o corpo todo foi parar a um formigueiro e anda todo a trabalhar por mim
sou feliz à vossa semelhança
a doença tem dias
a doença tem os meus dias
acordo cansado como se o dia tivesse sido ontem
disseram-me que ia acabar numa cadeira de rodas
mas ontem andei contra a maré e ainda tinha pé
eu tenho esclerose múltipla
mas não a tenho todos os dias porque sou muito atarefado e tenho que fazer outras coisas também
tenho que ser outras coisas também
outras coisas também
sou outras coisas também
somos outras coisas também
somos tudo também
o meu sistema anda nervoso à conta disto
mas o teu carinho cura-me
e o amor não tem remédio
tenho falta de equilíbrio
mas ainda hei-de fugir com o circo e caminhar num arame onde há espaço para todos
vê onde pões os pés que há um grande caminho para fazer
não sinto quando me tocas mas amo-te
mesmo sem mãos
mesmo sem dedos
mesmo sem pés
mesmo sem cara
mas com tudo o resto
tenho tudo
tenho tudo o resto
fica comigo que eu prometo que vou fazer tudo para te sentir para sempre

João Negreiros

sábado, 4 de junho de 2011

Festival Internacional das Artes de Leão e Castela - FÀCYL

João Negreiros representa a Literatura Portuguesa

O Festival Internacional das Artes de Leão e Castela – FÀCYL – decorre em Salamanca até dia 11 de Junho para apresentar os últimos trabalhos e criações de alguns dos mais prestigiados artistas internacionais contemporâneos. No próximo dia 5 de Junho, pelas 22h, o consagrado escritor português João Negreiros subirá ao palco do Festival para apresentar o seu mais recente trabalho “a verdade dói e pode estar errada”.



Segundo o director artístico do festival, Calixto Bieito, FÀCYL é “um canto optimista e positivo da cultura e da liberdade” propondo “um diálogo com as tendências artísticas do século XXI”. Para a Conselheira de Cultura e Turismo da Junta de Leão e Castela, María José Salgueiro, o certame tem vindo a adquirir uma personalidade própria” se bem que tem mantido “intactos os principais objectivos” que passam pela “aposta firme no trabalho artístico mais vanguardista do panorama internacional, pelo fomento da criação e pelo apoio aos artistas e companhias de Leão e Castela”. Por último, assegurou que nos últimos quatro anos “485 artistas e companhias de 32 países apresentaram mais de 750 obras e espectáculos”.
O Festival conta com um orçamento de 1,4 milhões de euros e pretende ser um festival elegante, inovador e vanguardista.
 http://www.facyl-festival.com/