O Noé pára a 4L, sai da 4L, avança
para o Sammy, parece que vai esbofeteá-lo, espancá-lo, deixá-lo feito em dois.
O Sammy pensa o mesmo que o que parece e encolhe-se com os braços a tapar a
cara, fazendo um choro de cotovelos. O Noé chega-se junto dele, agarra-o pelos
antebraços, ergue-o até o homem pequeno ter os pés a dançar num baloiço e
abraça-o. Não o esmaga, não o aperta, não o desfaz, não lhe parte as costelas,
não lhe tira o ar, nada, nada, enrola-o na perfeição e abraça-o… abraça-o não
como um pai faz a um filho, mas como um pai devia fazer a um filho. O Sammy
precisava daquele abraço… quase tão bom como os químicos, aquele abraço
entra-lhe nas veias e repousa-o, quase inventa imagens para lhe entreter a
cabeça, quase lhe acalma a respiração, quase lhe pára os tremores, quase lhe
devolve o equilíbrio, quase lhe repara os nervos e o humor. Aquele abraço…
aquele abraço se fosse numa agulha salvava o mundo todo de si próprio. O Sammy
não adormece mas repousa… e repousar é melhor que dormir porque quando se
repousa está-se mais perto de estar vivo do que quando se dorme. Quando
repousamos sabemos o que nos rodeia e podemos fechar a boca… se quisermos. A
Noémia desce os braços e a Carla vem à porta dar à brisa fresca rara um hálito
a mentol e batom a que aquelas terras nunca se habituarão.
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