redondo como um quase perfeito
trocar tudo por ti
como se te pertencesse
trocava tudo por ti
o que tenho e o que viesse
dava-me sem o pudor da vergonha
roía-me a pele para te tricotar um baile
dava-te tudo ficava com a peçonha
e o que tenho de bom podias usar num xaile
leva-me os dedos do pianista
e as mãos da construção civil
rouba-me do cabelo a crista
e já que João leva-me o til
sem te ver fico bruto e fero
partes levando-me carne sincera
as virtudes sozinho são o que não quero
tenho uma sala só para a tua espera
e se não te vir nunca mais
nunca mais a mim me vejo
sou pequeno e nem chego aos pedais
mas escalo por ti para um beijo
cego orado como monge
dei-te pernas que levaste a correr
braços meus treparam-te o alto que é longe
e esqueci como se ia aí ter
mas fica-me a dor
a dor mantém-me vivo
é que morrer só de amor
não é bem um castigo
e podia terminar redondo
mas o melhor é o que escondo
ainda trago um gole de saliva
e palavras rudes como expectativa
resta o que nunca se espera
sem saber deste-me a paixão
o carinho verte-me da mão
e vale mais que a carne sincera
e é soro que me alimenta os dias
e sou belo belo belo só com o que tu não querias
magnífico como só o enjeitado
perfeito como o que sobrava
o pasto ama mesmo o gado
porque lhe lambe a erva brava
Poema do livro "o amor és tu" de João Negreiros,
à venda em livrarias e em http://www.saidadeemergencia.com
Gosto muito dos poemas João, parabéns!
ResponderEliminarConvido-te a visitares a minha exposição de pintura e poesia " Pinto palavras" na livraria Centésima Página em Braga
beijinhos
e lembraste do texto que escrevi da Lua?
que tu gostaste? foi dedicado a ti:)
Estou sem palavras João... algo mto extraordinário a meu ver, claro, existe neste poema, parabéns
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