segunda-feira, 11 de julho de 2011

épico como o teu rosto

épico como o teu rosto

quero o gozo de quem chora por amor
quero já como quem recebe um favor
rasga-me a camisa para não falar para os botões
e não ouças que eu não sou de opiniões

encurta-me a espera
entra-me no corpo já
lambe-me como quem se esmera
vou fingir que até estou cá

é que às vezes vou p’ra longe
p’ra uma terra que tu não sabes
fico lá a fazer de monge
e és tão linda que não cabes

adio-nos o encontro
dedilho-te um adeus
esses beijos todos meus
vais fazê-los com outro

rasgas-me o sangue
de um rubro negro que vai ter fim
e hei-de ficar exangue
quando morrer juntas-te a mim

iremos juntos à morte
a bordo de um cavalo cego
ver se nos querem na corte
estou vivo mas às vezes nego

Poema do livro "a verdade dói e pode estar errada", de João Negreiros, à venda em livrarias e em www.saidadeemergencia.com

2 comentários:

  1. Ainda não conhecia este poema e, mais uma vez, foi uma agradável surpresa. Gosto imenso do vídeo e do seu carácter melancólico e dolente. Adapta-se na perfeição ao poema em questão.
    É muito bom existirem pessoas com tanto talento a dar-nos tão bons frutos.
    Parabéns João :)

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  2. Um "amigo" citou-me este poema. Eu chorei por isso.

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