quero o gozo de quem chora por amor
quero já como quem recebe um favor
rasga-me a camisa para não falar para os botões
e não ouças que eu não sou de opiniões
encurta-me a espera
entra-me no corpo já
lambe-me como quem se esmera
vou fingir que até estou cá
é que às vezes vou p’ra longe
p’ra uma terra que tu não sabes
fico lá a fazer de monge
e és tão linda que não cabes
adio-nos o encontro
dedilho-te um adeus
esses beijos todos meus
vais fazê-los com outro
rasgas-me o sangue
de um rubro negro que vai ter fim
e hei-de ficar exangue
quando morrer juntas-te a mim
iremos juntos à morte
a bordo de um cavalo cego
ver se nos querem na corte
estou vivo mas às vezes nego
Poema do livro "a verdade dói e pode estar errada", de João Negreiros, à venda em livrarias e em www.saidadeemergencia.com
Ainda não conhecia este poema e, mais uma vez, foi uma agradável surpresa. Gosto imenso do vídeo e do seu carácter melancólico e dolente. Adapta-se na perfeição ao poema em questão.
ResponderEliminarÉ muito bom existirem pessoas com tanto talento a dar-nos tão bons frutos.
Parabéns João :)
Um "amigo" citou-me este poema. Eu chorei por isso.
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