A vida é o vento. Parece estranho dizer isto mas é
verdade… a vida é o vento. Não há mais para além disto senão o vento.
Há sempre
vento. Há sempre coisas que me puxam, que me empurram, que me movem, que me
chamam, que me fazem parar, que me fazem mexer, que me abrandam, que me
impelem, que mexem comigo.
A vida é o
vento e o vento é o perfeito jogo das forças instáveis. É imperioso lê-lo.
Aprendi hoje a respirar como deve ser. Ontem não sabia
mas hoje aprendi a respirar como deve ser.
Inspiro o
ar do vento e agora as brisas e os temporais estão a correr o meu corpo.
Escolho eu qual usar e corro para o lado que quero com a força que quero. E do
ar de fora torno-me irmão siamês, estamos presos pela mesma vontade. Vou para
onde ele me sopra e, quando quero, paro contra o vento dele usando o ar que lhe
tirei e que uso como força interior.
Parece complicado mas não é.
O vento
sopra sempre para algum lado. Eu sei sempre para onde é. Eu sei sempre com que
força empurra e por isso sei exactamente a maneira de corrigir as trajectórias
do meu caminho perfeito.
E sempre
que o vento me tenta pregar partidas eu… eu… eu já sabia… eu já estava avisado
e por isso rio-me dele dentro e fora de mim.
O meu corpo…
e o que sou… e tudo o que faço… é uma vela que não apaga porque tem vontade
própria. Eu decido, eu invento o meu próprio sopro. A nortada, o vento sul e os
zéfiros jogam por mim, na minha equipa, dentro e fora, e os meus pés ajustam-se
à tempestade com a tranquilidade de quem aprendeu a brincar no olho do tufão.
Na minha
vida tudo mexe. Na minha vida tudo mexe para onde eu quero e este jogo feito de
ar faz-me voar com a certeza que o sítio diferente aonde vou parar será sempre
o melhor de todos. E é o melhor de todos porque estou lá eu.
Hoje aprendi
a respirar, hoje aprendi a respirar e o ar que se move lá fora é o mesmo que
quero para mim.
Texto de "O Manual da Felicidade" de João Negreiros
Um texto que adorei ler. Porque é sempre bom ler em algum sítio, o que precisamos "ouvir".
ResponderEliminarAbraço