O Presente
Pega no presente como se nascesses no Natal e não sofras com
o que foi… que o que foi está longe como o que só foi agora uma vez.
Pega no presente e envolve-o lasso suficiente para caber quem
gostas.
Pega no presente e começa de novo usando tudo para trás como
informação tua noutra vida em que eras o mesmo… mas não tão perfeito.
Pega no presente e percebe que é o momento.
Pega no presente e sabe de cor interiormente, sem cábulas,
tudo o que te aconteceu porque tudo o que te aconteceu fez sentido, e o sentido
foi o que te trouxe até aqui, e aqui é perfeito para dar início a mais um
momento áureo.
Pega no presente até ao infinito e perpetua o instante como o
especial.
Pega no presente e torna-o tão único como a água e faz dele a
pujança inequívoca de estar tão vivo como tudo o que é impressionante.
Pega no presente e pulsa o ritmo cadente de um músculo novo
que nasce sem esforço porque se inventa como o vento e as marés.
Pega no presente e faz tudo de novo como se respirasses a
coragem.
Pega no presente e acende-o como a luz faz ao escuro.
Pega no presente e mata o medo do teu vocabulário como se só
tivesses cheta para um dicionário de bolso.
Pega no presente e faz dele o que virá. E do que foi soubeste
ver tudo, gostaste de ver tudo, precisaste de ver tudo.
Pega no presente e sabe que o que se passou foi para te fazer
e o que há-de vir há-de ser sempre já.
Texto do livro "O Manual da Felicidade" de João Negreiros
Interpretação: João Negreiros
Piano e Composição: Maria do Céu Camposinhos;
Mazurka opus 1, nº2
Sonoplastia: Miguel Guerra
Edição: Ana Catarina Miranda
Co-produção: Bolor Teatro e Teatro Universitário do Minho
Apoios: Instituto Português do Desporto e da Juventude; Universidade do Minho; Associação Académica da Universidade do Minho; Centro de Pesquisa e Interacção Cultural
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